Roteiro: John Hughes
Elenco: Emilio Estevez,Anthony Michael Hall, Judd Nelson, Molly Ringwald, Ally Sheedy, Paul Gleason, John Kapelos.
"...E essas crianças em que você cospe, enquanto elas tentam mudar seus mundos, são imunes às suas consultas. Elas sabem muito bem pelo que passam...”
▬ David Bowie
Antes de qualquer coisa, sim, eu só assisti a esse filme esses dias. Sempre escutava falar do mesmo, aqui e ali, e um dia fui procurar uma imagem dos Novos Titãs, e vi que uma imagem havia sido inspirada no pôster do filme, O Clube dos Cinco. Fui atrás para saber do que se tratava o filme e do porque ele ser tão “cult”. Quando li a sinopse, vi o elenco, e nome de John Hughes ( Curtindo a Vida Adoidado) na direção e roteiro, não tive dúvidas em assistir o quanto antes. E vou contar o que esse filme representa pra mim.
Como disse antes, a sinopse era a mais simples e por isso mesmo me chamou atenção. Na história, cinco alunos adolescentes, cada qual fez algum ato que a escola considerou uma infração e como punições teriam de passar um sábado inteiro na biblioteca da escola, onde teriam de ficar ali sentados, refletindo sobre seus atos e no final do dia entregar uma redação ao diretor, o Sr. Vernon, na qual teria de ter mil palavras e que definissem a si mesmos. Até aí tudo certo, e o começo do filme mostra realmente isso. O que eu pensei que me levaria a assistir um bom filme sobre adolescentes e tal, que teria um pouco de comédia em algumas cenas, e que no final ficaria satisfeito. Mas o que estava por vir, me surpreendeu demais.
No desenrolar da trama somos apresentados aos cinco jovens, cada qual bem distinto. Temos Andrew (Emilio Estevez), que é um atleta, Brian (Anthonny Michael Hall) um CDF, John Bender (Judd Nelson) um marginal, Claire (Molly Ringwald) uma patricinha e Allison (Ally Sheedy) que é um caso perdido. Logo, é claro que cinco pessoas tão diferentes, trancadas em um mesmo lugar, daria confusão. As faíscas e brigas começam, pois cada um ali está detido por algum motivo. E claro que nenhum deles queria estar ali em um sábado. Por serem tão diferentes, as ideias deles não batem então cada um ali acha que os seus problemas são maiores do que os dos outros. Exemplo: John Bender, o marginal, em certo momento satiriza como deve ser a família de Brian, o CDF. Ele diz que lá tudo é perfeitinho, que todos dão bom dia, que todos são uma família unida e exemplar. Este é apenas um exemplo.
E isso se aplica a todos nós, pois sempre pensamos desta forma. Se você olha um esportista pensa: Ah como eu queria ser aquele cara, ele não deve ter problemas pesados, afinal ele é um atleta. Então com cada um representando um rótulo da sociedade, o conflito se torna inevitável. E isso vai se estendendo até quase o término do filme, as brigas se tornam mais acaloradas e vários dilemas vão sendo expostos. Cada qual com seu ponto de vista em determinado assunto. E isso vai sendo muito bem trabalhado, e aos poucos vão sendo expostos coisas de suas vidas, e mesmo não percebendo, eles vão se transformando no decorrer do dia.
Quando o filme vai entrando em sua reta final, após tantos ‘embates’, os cinco protagonistas se sentam em uma roda. Essa é a cena mais memorável do filme. Nesse ponto é onde eles realmente acabam por se conhecer. É aqui onde são apresentados os motivos de cada um para estarem ali naquele sábado. É onde todos expõem seus problemas pessoais. Quando um deles expõe os seus problemas, os outros quatro ficam chocados, e é aí que todos entendem que independente da classe social, estereótipo, rótulo da sociedade, todos tem problemas, todos sofrem pressões, todos! E após tantas desavenças, eles começam a criar laços. Pois os cinco passaram por uma transformação. E logo eles passam a questionar outras coisas, como se na segunda feira, quando entrarem na escola, eles serão amigos? Ou apenas passarão pelos corredores sem olhar na cara? Nessa parte a carga dramática é intensa.
Foi aí que me surpreendi, pois não esperava uma reflexão tão forte e coerente sobre os problemas da adolescência.Pois assunto com o sexo, drogas, violência são abordados aqui. Os jovens passam a questionar seus futuros, seus sonhos, o que será da vida deles a partir daquele momento? Em determinado instante, eles começam a culpar seus pais por grande parte de seus problemas. E se questionam: - Mas porque eles nos fazem passar por isso? Por eu os adultos são assim? E então Allison diz:
" É inevitável. Isso simplesmente acontece. Quando nós crescemos, nosso coração morre."
Definindo bem que quando crescemos, e conhecemos mesmo o mundo lá fora, nossos sonhos vão ficando para trás, devido às obrigações mundanas. Em contra partida temos também a reflexão do diretor, que não sabe mais com o lidar com seus alunos, ele não sabe o que fazer. Reclama que os alunos estão cada vez piores. Mas ele é questionado por um faxineiro do colégio que diz: “ - Mas cara, quando você tinha a idade deles, você também não aprontava? ”
Após tantas transformações, diálogos inspiradíssimos, atuações perfeitas, personagens marcantes, drama, comédia, tudo na medida certa, assim como os jovens, o expectador também passa por uma revisão de conceitos sobre determinadas coisas. Confesso que me emocionei muito nesse filme. É uma obra prima. Ver que apenas um dia, em que esses cinco se encontraram, mudou para sempre suas vidas. Isso é mostrado de uma maneira única e incrível.
E se me perguntassem hoje, qual é o meu filme preferido, certamente eu diria que é o Clube dos Cinco.
"Caro Sr. Vernon, aceitamos o fato de que nós tivemos que sacrificar um sábado inteiro na detenção, pelo que fizemos de errado ... mas acho que você está louco por nos fazer escrever um texto dizendo o que nós pensamos de nós mesmos. Você nos enxerga como você deseja nos enxergar ... Em termos mais simples e com as definições mais convenientes. Mas o que descobrimos é que cada um de nós é um cérebro ... um atleta . um caso perdido .. uma princesa e um criminoso .Isso responde a sua pergunta? Sinceramente, o Clube dos Cinco."
Curioso: esses filmes não tinham nada a ver com a nossa vida. Mas como foram importante para um determinada fase de nossa passagem. Adoro O Clube dos Cinco. Comprei até o DVD!
ResponderExcluirRealmente Kleiton, não passamos pelas mesmas coisas deles, mas ainda assim estas nos são familiares. rs
ExcluirTambém tive que comprar o DVD, pra sempre poder rever. E foi uma luta pra achar, está esgotado na maioria dos lugares.
Encontrei naqueles cestões de DVDs das lojas Americanas! Mas faz tempo...
ResponderExcluirEu achei esses dias na Saraiva, depois de muita luta. rs
Excluira maioria desses filmes anos 80 é fácil de achar na web (legendado)...
ResponderExcluirSim sim, eu mesmo assisti a primeira vez na web. Só que gostei tanto que aí acabei comprando. rs
ExcluirEsse filme é simplesmente sensacional!! O melhor do John Hughes na minha opinião. Roteiro impecável!
ResponderExcluirOlá! Ana, concordo contigo, esse filme tem um roteiro impecável, pois é simples e encantador.
ExcluirDifícil não se afeiçoar aos personagens e seus dramas, e assim não fazer uma alusão a nós mesmos.
Obrigado pelo comentário.