sexta-feira, 26 de outubro de 2012

▬ The Walking Dead - Parte 1 - HQ - Comics - Quadrinhos


Autores: Robert Kirkman (roteiro) e Tony Moore (arte) Charlie Adlard (arte) e Cliff Rathburn (tons de cinza)

Hoje em dia, qualquer pessoa já escutou ao menos uma vez falar em The Walking Dead, devido ao estrondoso sucesso causado pela ótima série televisiva. Mas muitos não sabem que, a série é baseada em uma HQ, que é publicada até hoje (se não me engano teve início em 2003 e hoje está na edição 103 lá fora). Eu acabei lendo a HQ antes de ver qualquer episódio da série de TV, então por isso vou falar dos quadrinhos primeiro.

 O tema de zumbis, futuros pós-apocalípticos, guerras químicas, fome, fumaça por todos os lados, planeta destruído, todas essas coisas aos meus olhos já estavam meio saturadas, pois tudo parecia cópia de tudo. Então ao me deparar com a HQ, já pensei que seria mais um monte de zumbis, tripas, sangue, gritos e nada mais, tudo seria um pretexto para mostrar a violência e carnificina. Mas TWD tem tudo isso, só que tem algo a mais que o torna diferente desses genéricos todos, pois a obra tem todo o peso do drama em viver em sociedade, ou o que restou dela. E isso é feito de maneira magistral.


A saga tem inicio quando os policiais Rick Grimes e Shane estão em uma perseguição, e Rick acaba sendo baleado, logo é hospitalizado, onde fica em coma por 3 semanas. Ao acordar, o mundo que ele conhecia não existe mais, os vivos sumiram dando lugar aos mortos que caminham pelas ruas, e todos os lugares. Logo ele sai atrás de seu filho e esposa, mas ao chegar em casa eles não estão mais lá. Então bate o desespero, e ele sai em busca deles, até que o jovem Glen o encontra, e diz que há mais sobreviventes em um acampamento. Ao chegar lá Rick encontra Lori (sua esposa) e Carl (seu filho) e seu melhor amigo Shane. No acampamento existem outros sobreviventes, que se viram como podem para se manterem vivos. Logo uma equipe está formada e Rick acaba por se tornar um líder natural. E é exatamente aí que a obra passa a ficar interessante.

Como é um grupo bem diversificado, por ter pessoas de várias idades, homens, mulheres e crianças, cada qual tem uma forma de ver as coisas, cada qual tem uma forma de pensar em determinada situação e claro, todos estão ali não por escolha ou a passeio e sim por questões de sobrevivência, pois cada um dos presentes teve uma perda, podendo ser amigos que se foram, parentes ou vizinhos. Todos tiveram suas perdas. A sociedade que todos conheciam não existe mais, as lojas estão fechadas, os carros estão largados nas ruas. A morte e o medo passaram a fazer parte do seu ser.

O roteiro de Kirkman é excepcional (acompanhada pelos ótimos desenhos de Moore – e depois Adlard, que casam perfeitamente com a narrativa do roteirista.), pois ele sabe explorar bem os momentos de drama, os dilemas de cada personagem. Ele nos mostra o quão frágil e forte é o ser humano, e o quão bom/ruim eles podem ser.  Quando as necessidades, as situações ficam desesperadoras, o que vai prevalecer? O bem estar de todos? O individualismo? A amizade? A conveniência? O que se leva em conta? Existem leis em uma sociedade que deixou de existir? Ética e moral, ainda tem seus valores?



E sim, claro que eles estão lá, os zumbis, mortos vivos, errantes, descerebrados, dentuços, ou outras diversas alcunhas para estes seres, e eles são muito bem trabalhados e desenhados, e são bem selvagens, agindo só pelo instinto de fome.  Mas os mortos nem de longe são o maior dos problemas enfrentados por Rick e os sobreviventes, o pior mesmo são os vivos. Fica evidente que o ser humano pode se transformar ao decorrer das situações, muitos personagens começam de um jeito, e ao passar alguns capítulos é espantoso ver a transformação deles. Por exemplo, antes o personagem era apenas mais uma boca para comer, e agora é a principal força do grupo, ou, a pessoa tinha o coração mais puro, mas por conviver com a morte o tempo todo, acaba se transformando em algo pior que os zumbis. A regressão social é principal foco de TWD, de como o convívio entre as pessoas pode ser tão complicado, e quanto às pessoas estão suscetíveis a mudanças, perca de sensibilidade, de sentimentos, desejos carnais e etc. A HQ conta com algumas partes pesadas, que realmente são de tirar o fôlego, pois Kirkman não tem nenhum pudor em maltratar ou dar fim a determinada situação ou personagem, eu mesmo ficava me perguntando em alguns momentos: (- É isso mesmo que está acontecendo? É isso que eu estou lendo? Como o cara pode ser tão frio desse jeito? RS). Outro ponto é que  devido a fragilidade dos personagens que nos é mostrada durante a saga, fica difícil até julgar algum deles, pois todos estão beirando seus limites, físicos, psicológicos, sexuais, portanto, acho  ninguém é mesmo perfeito. Mesmo sendo apenas uma obra fictícia, ela explora bem esse lado “real” das pessoas.
Em resumo: Obra prima!


" Quantas horas há no dia, quando você não passa metade dele assistindo televisão?
Quando foi a última vez que algum de nós REALMENTE trabalhou para conseguir algo que queria?
Quanto tempo desde que algum de nós REALMENTE precisou de algo que queria?

O mundo que conhecíamos se foi.
O mundo do comércio e das necessidades supérfluas foi substituído por um mundo de sobrevivência e responsabilidade.
Uma epidemia de proporções apocalípticas se espalhou pelo mundo, fazendo os mortos vivos se levantarem e se alimentarem dos vivos.
Em questão de meses, a sociedade se desintegrou.
Sem governo,
Sem supermercados,
Sem entregas de correio,
Sem tv a cabo.

Em um mundo dominado pelos mortos,
finalmente somos forçados a começar a VIVER."
 

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